segunda-feira, 5 de outubro de 2009

O papel das Relações Públicas no campo da comunicação pública

Segundo Andrade (1993), a definição oficial das Relações Públicas, constitui a atuação e a função pela qual se observa o caráter planejado e estratégico de ações das empresas públicas ou privadas com o objetivo de conquistar e manter a compreensão mútua entre os diversos públicos aos quais está ligada. No entendimento das Relações Públicas é fundamental que haja a percepção de um processo resultante e que se completa em várias direções da interação da organização com os seus diversos públicos que influenciam direta ou indiretamente suas atividades. Entende-se nas Relações Públicas a função de legitimação das ações organizacionais de interesse público.

Trata-se do processo do sistema social (ou sociedade específica) organização-públicos, inserido em processo de sociedades maiores, isto é, a cidade, o estado, o país e o mundo. Este sistema e seu processo, nos domínios da sociolo gia, é designado por sistema social e suas relações sociais. No caso específico da sociedade organização-público pode-se, perfeitamente, designá-lo por processo de Relações Públicas (SIMÕES, 1995, p.45).

A função política das Relações Públicas está inserida no contexto filosófico, de normas e ações organizacionais que visam legitimar o poder decisório da organização junto aos ários públicos em relação aos interesses comuns e específicos. A informação é a atériaprima da comunicação e a credibilidade que identifica a política da ação comunicacional está condicionada à transparência e à objetividade das informações prestadas aos públicos. O caráter político das Relações Públicas repousa sobre o aspecto político da função, pois, se a ação de comunicar é ato político e, por outro lado, se a função e a atividade de Relações Públicas referem-se ao controle do processo de comunicação organizacional, conclui-se que as Relações Públicas vinculam se aos objetivos políticos das organizações (SIMÕES, 1995, p.109).

A velocidade das mudanças pautadas pela atualidade na sociedade e pela redefinição de parâmetros voltados para a opinião pública indica um novo modo de condução e de gestão da comunicação pelo profissional de Relações Públicas. A preocupação está voltada para as relações sociais, como acontecimentos políticos e com os fatos econômicos mundiais, contexto em que as Relações Públicas são fundamentais ao exercer o papel de auditoria social inserida no contexto da comunicação pública. Segundo Simões, esta atribuição permite uma visão isolada e integrada no contexto, ou seja, em avaliar as reações da opinião pública para traçar as estratégias de comunicação social, e ainda, “em relação à verificação das Relações Públicas quanto ao seu desempenho, eficiência e estabilidade, além de propostas de alternativas futuras”.

A atuação no sentido da gestão da comunicação pública está voltada para o incentivo à participação da sociedade civil em resposta aos anseios pela participação popular nos trâmites e decisões no contexto das políticas públicas. Cabe então às Relações Públicas o planejamento e aplicação de estratégias que visam conhecer e estender ao público as necessidades da população de forma a orientar as ações do poder público.

A sociedade civil admite uma nova postura construída a partir de sua participação emergente no processo de construção democrática. Trata-se de um ator altamente envolvido nas articulações políticas promovidas em espaços públicos e privados e que por isso, merece destaque como um público-alvo e de forte influência nas políticas de comunicação pública. A comunicação pública pode ser entendida como a comunicação no espaço público sob o olhar do cidadão que de um modo geral está expressa na ação do engajamento da palavra pública com o objetivo de alimentar o conhecimento cívico, facilitar a ação publica e garantir o debate público. Neste contexto, a abertura do espaço de debate e negociação política encarna o papel democrático da comunicação como instrumento democrático público. O grande desafio para a comunicação pública consiste na base de princípios éticos que deverão orientar as ações voltadas para o cultivo de relações de transparência com a sociedade civil. As Relações Públicas se inserem em um contexto onde a democracia requer uma concepção aliada à idéia de mobilização das esferas públicas e expressa em uma sociedade civil autônoma e que interage com as instituições do governo. Desta forma, pode-se afirmar que a comunicação publica só é possível com a expressão ativa do receptor, representado pelo cidadão constituinte de uma sociedade civil atuante, onde há a possibilidade de uma interação comunicativa com o cidadão de forma participativa e autêntica entre o Estado e a sociedade como um todo. Ao processo de comunicação instaurado em uma esfera pública que engloba Estado, governo e sociedade, observa-se o aspecto de um espaço de debate, negociação e tomada de decisões relativas à vida pública. O entendimento da comunicação pública está ligado à percepção do que é distinto ao interesse geral e que vai além do domínio público, principalmente quando se refere à tomada de decisão pública, onde,

As mensagens são, sob tal princípio, emitidas, recebidas, tratadas pelas instituições públicas “em nome do povo”, como são votadas as leis ou pronunciados os julgamentos. (...) A comunicação pública é a comunicação formal que se aplica à troca e ao compartilhamento de informações de utilidade pública assim como à manutenção do vínculo social e cuja responsabilidade incumbe às instituições públicas (ZEMOR, 1995, p. 5, tradução dos autores).

Na comunicação pública, o enfoque importante e destaque na gestão da comunicação está em manter o foco do trabalho no objetivo público, ou seja, não permitir o desvio da função comunicativa para a promoção pessoal e política. Este modelo de comunicação é estruturado pela transparência de uma ação com fins sociais e de preservação do interesse público como função primordial desempenhada pelo comunicador público.

As Relações Públicas e os desafios na comunicação pública

Elisângela Costa Nascimento2 - Centro Universitário de Belo Horizonte (Uni-BH)
André Aquino Brito3 - Centro Universitário de Belo Horizonte (Uni-BH)
Diogo Henrique Helal4 - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) / Uni-BH
Valéria de Fátima Raimundo5 - UFMG / Uni-BH

Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXIX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – UnB – 6 a 9 de setembro de 2006

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